Brilho de uma Paixão


Brilho de uma Paixão - dirigido pela diretora Jane Campion - é um daqueles filmes que não vai agradar gregos e troianos , mas é impossível não reconhecer o êxito da australiana Abbie Cornish - protagonista da produção - e de algumas categoria técnicas.

Cornish , 28 anos, interpreta Fanny Brawne , o único amor na vida do poeta inglês do século 19 John Keats - interpretado por Ben Whishaw.

Um tanto arredia com a maioria dos homens, Fanny é de uma recatada família inglesa - liderada pela mãe e composta por mais dois irmãos. Leitora voraz e com notável talento para a moda - é ela que desenha e costura seus próprios vestidos - a personagem só tem olhares para Keats e se encanta com os poemas escritos por ele.



A príncipio o relacionamento entre os dois não é visto com bons olhos nem pela mãe de Fanny , nem por Sr. Brown - melhor amigo do personagem de Wishaw e que atuava como um acessor. De um lado, a senhora Brawne se mostra contra pelo fato do poeta não ter condição de sustento - naquele período Keats não era tão famoso quanto depois de sua morte - capaz de se responsabilizar por sua filha - do outro o Sr. Brown - tendo uma paixão não correspondida pela protagonista - achava que a garota tirava a atenção do poeta para seu trabalho.


Jonh Keats morreu ao 25 anos, tendo se relacionado amorosamente apenas com Fanny - sua fidedigna amante.

Quando dirigiu O Piano - filme que rendeu o Oscar de atriz para Holly Hunter - Jane Campion já tinha demonstrado sua preocupação em apresentar com delicadeza um universo onde as personagens femininas são mulheres fortes , determinadas e ao mesmo tempo sensíveis ao amor - mesmo que platônico. A diretora , que também assina o roteiro - conduz a película com competência, muito embora o longa derrape na segunda parte e vai perdendo força.

Bright Star (título original do filme e o nome de um dos poemas de Keats) é feito com sensibilidade. O ar poético está espalhado por todas as cenas.

A bela fotografia - a cargo de Greig Fraser - é de encher os olhos. Fraser foi extremamente feliz ao produzir as imagens de acordo com o sentimento que os personagens apresentam. Por exemplo, quando Fanny caminha por um bosque florido, descobrimos ali que ela está sentindo uma alegria fugaz, produzida pela descoberta do primeiro amor.

O figurino de Janet Patterson é vigoroso. A personagem de Abbie Cornish aparece com quase dez vestidos diferentes - todos revelando algumas características de Fanny - como sofisticação , inocência e ousadia.



A trilha sonora é discreta - o que é um acerto. Alguns romances tem a grande tendência de apelar para algo excessivamente dramático e se darem mal.

Abbie Cornish é a grande revelação de Brilho de uma Paixão. Fanny Brawne é cativante - é o elemento que segura o filme até em momentos onde a narrativa se arrasta e começa a provocar sono no espectador.



Ainda meio desconhecida por aqui, esta jovem atriz parece que vai trilhar o mesmo caminho de Kate Winslet. Creio que ela ainda vai ser importante em Hollywood.

Ben Wishaw é bom ator - embora ache que Cornish merecia um parceiro a altura e seu Jonh Keats desperte um pouco de antipatia.

Paul Schneider também é um dos destaques do elenco - seu Sr. Brown combina humor, com desapontamento e ternura ao mesmo tempo - de igual modo Kerry Fox - no papel da senhora Brawne - transponha todo o zelo e carinho de uma mãe que cria sozinha seus três filhos.

Brilho de uma Paixão pode ser visto como um filme para jovens mulheres fãs de romances impossíveis e paixões avassaladoras sem final feliz - portanto dificilmente quem gostou de produções como Uma Linda Mulher vai gostar dele.

A produção tem trunfos fortíssimos - mas realmente o público desta última produção de Jane Campion é seleto e particular.

O longa - indicado para o Oscar de figurino neste ano - é bom , mas não o melhor de Campion.
Cotação: 7

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