Hanna


Bem diferente dos dramas de época que Joe Wright conduziu, Hanna é um trilher de ação e suspense, dirigido pelo cineasta inglês - que percorre um caminho até já muito visto em filmes de perseguição ou de ficção científica, mas que aposta principalmente nas mais variadas locações como um diferencial.

Vivendo nas montanhas geladas da Finlândia, em estado de quase total clausura (apenas saindo para praticar sua exímia habilidade de caçadora em busca de comida) a adolescente Hanna divide um casebre com o pai, Erik Heller (Eric Bana) - que a treinou pra ser uma assassina (algo bem semelhante ao visto em Kick Kass) , uma máquina pronta para usar sua força quando necessário. Escondendo o passado da garota, Erik - a fim de manter em sigilo seu paradeiro e o de Hanna, já prevendo que algum dia poderiam ser capturados pela organização secreta liderada pela oficial da CIA Marissa Wiegler (Cate Blanchet) - fez com que a filha memorizasse um roteiro - uma identidade construída para ela, de modo a torná-la à vista de seus perseguidores uma criança comum. O clima de gato e rato aparentemente finaliza-se quando a personagem aciona propositalmente um radar, pra que encontrem seu esconderijo. Acabando por ser capturada – e permitindo a fuga apenas do pai, com quem combina de se encontrar num outro ponto da Europa, mais exatamente em Berlim.

Na base do laboratório de pesquisas, pra onde Hanna foi levada - a equipe comandada pela oficial Marissa pressiona a protagonista para que indique o destino de Erik, cujo passado tem ligação com a CIA. Após conseguir escapar da base (numa fuga alucinante), Hanna se adentra no deserto do Marrocos, sempre perseguida por comparsas da agente Wiegler. No país africano conhece uma família de turistas, com quem acaba indo escondida para a Espanha, tentando chegar até a Alemanha.



O roteiro da dupla David Farr e Seth Lochhead - utilizou-se de alguns recursos narrativos que a principio deixam o espectador numa posição meio out, não conseguindo de fato submergir no o que está sendo contado. Somente lá pelos 48 minutos de projeção, quando surgem algumas respostas, é que é possível se situar, acompanhar com proximidade o trajeto da super garota. Neste sentido o longa foi ousado, adotando uma direção diferente de algumas produções com temáticas com pontos semelhantes, como o primeiro Species (A Experiência) de Roger Donaldson - no qual desde o início sabíamos o porquê da perseguição à alienígena Sil (Natasha Henstridge). A já mencionada direção de arte é outro elemento a se destacar. Dos incríveis túneis do laboratório de pesquisas (esses cenários realmente existem!) ao exotismo das casas de shows em Marrocos, chegando ao parque de diversões desativado em Berlim - todos esses ambientes trouxeram um ritmo interessante pra o longa, mesmo com a transitoriedade.

Saoirse Ronan, que já havia trabalhado com Wright em Desejo e Reparação, mais uma vez surpreende - estabelecendo uma antítese de vulnerabilidade com a força de um super soldado. Não é difícil prever que esta garota ainda será grande em Hollywood. Já Cate Blanchet - em seu segundo papel como vilã, depois de sua controversa participação na recente aventura de Indiana Jones - acerta interpretando a fria e calculista Marissa, que sutilmente deixa escapar uma atração amorosa por Erik Heller. A propósito, o personagem de Eric Bana é o único do trio de protagonistas que não é muito bem desenvolvido - tendo um final talvez digno de sua pouca importância para a narrativa.
Quanto a Joe Wright, Hanna é sem dúvida uma prova da sua versatilidade como cineasta. Mais um acerto deste diretor - que atua com um perfeccionismo acentuado. O que pode ser encarado como pedantismo para alguns, na verdade é a consciência de não subestimar o público com uma produção aquém das qualidades dos envolvidos , que não são poucas.




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