Filhos do Paraíso



Muitas vezes um filme consegue ganhar a atenção da platéia somente por sua simplicidade. Uma produção pode não possuir grandes astros, nem contar com aquele diretor do momento ou ter um roteiro bem sacado - e mesmo assim, ganhar a atenção do espectador.

O filme iraniano Filhos do Paraíso (Bacheha-Ye aseman no original) é um desses belos exemplos que, apesar da evidente falta de recursos da produção e da inexperiência do elenco, se sobressai.

A história narra as aventuras de Amir (Amir Hashemian), um menino de nove anos que leva os sapatos da irmã para o sapateiro e devido a um descuido os perde.

Pertencente a uma família muito pobre no Teerã, o garoto - tendo a irmã como cúmplice - decide arquitetar um plano, para evitar que seus pais fiquem sabendo do sumiço dos sapatos. A idéia é muito simples: como Amir ainda possuía algo para calçar, ele decide revezar o calçado com a irmã, para poderem ir para a escola - na parte da manhã Zahra (Bahare Seddiqi) e no período da tarde o irmão.


Os dias vão se passando , até que Amir fica sabendo de uma competição de corrida só para crianças, que será realizada na cidade e que garantirá ao terceiro colocado um par de sapatos novinhos. Afim de atingir seu objetivo ,o protagonista treina sem cessar para conseguir chegar entre os primeiros, irremediavelmente na terceira posição.


Para a frustração do garoto, um acidente acaba mudando tudo e fazendo com que seu desejo vá por água abaixo.

Dirigido pelo iraniano Majid Majidi, Filhos do Paraíso concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro no ano de 1999, tendo como competidores o brasileiro Central do Brasil e o italiano A vida é bela, este o vencedor do prêmio. Curiosamente, assim como o iraniano, tanto o representante do Brasil quanto o da Itália tinham uma criança entre os personagens principais.

A primeira vez que assisti este longa, notei certos recursos semelhantes à cinematográfia brasileira. O enfoque dado a pobreza,o modo como o protagonista mirim enxerga as situações a sua volta, o medo do iminente castigo,os cenários de conflito. "Filhos do Paraíso" é um tipo de filme que tem uma fórmula até fácil de se adaptar para outros países, até mesmo aqui - em terras tupiniquins - onde crianças estão cotidianamente em meio aos fogos cruzados nos morros e nas vilas e lidam de perto com a pobreza e a constante violência. O que torna esta produção singular é a transparência da mensagem.



O diretor Majid Majidi que também é o roteirista, conduz tudo de uma forma muito segura , sem forçar a barra, nem direcionar para o dramalhão gratuito. O protagonista Amir é uma criança comum, sem aquele ar de prodígio infantil que tanto irrita em algumas produções.

Na verdade, o que é cativante no filme é o fato de apresentar uma história simples, com crianças reais - a falta de experiência dos atores mirins dá até mais veracidade - e deixar o espectador se deleitar com tudo aquilo. Aquele cenário paupérrimo e de visível sofrimento - ao mesmo tempo que choca , encanta por abrigar personagens sem máscaras ou poses, é tudo muito natural.

Na sequência de Filhos... , Majidi dirigiu A Cor do Paraíso , uma outra produção que também passeia pelo universo infantil de forma bastante terna.

Sem pensar duas vezes, trocaria uma sessão de qualquer filme de franquias milionárias como Transformers ou Homem de Ferro para assistir novamente a Filhos do Paraíso , que - se não rendeu milhões pelo mundo como os citados filmes hollywoodianos, conquistou uma boa parcela da comunidade cinematográfica por onde passou.


Sem qualquer exagero , posso dizer que esta produção do Irã é verdadeiramente tocante e arrebatadora .


1 Response to "Filhos do Paraíso"

  1. Helô #D says:

    Parabéns. Você acabou de ajudar-me em meu trabalho acadêmico a cerca deste filme!

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