O clube da felicidade e da sorte


Baseado no romance de Amy Tam, O clube da felicidade e da sorte , produzido em 1994, narra os dilemas vividos por duas gerações de mulheres. São oito protagonistas - quatro mães e quatro filhas - entrando em choque, devido a visões de mundo, expectativas e experiências distintas.

Cada uma das matriarcas tem um passado de sofrimento e tragédias vivenciados na China, em meio a guerra do começo do século. São essas lembranças que ganham a tela por meio de flashback, num encontro casual entre essas gerações.

Enquanto as filhas , todas nascidas na modernidade da América, lidam com questões como o casamento perfeito, imagem ideal e a projeção profissional, suas mães - ainda resistentes a cultura ocidental - possuem traumas, tristezas e desilusões em suas memórias.


Os olhares cheios de esperança das jovens contrastam com a amargura presente nos olhares das mais velhas, que são mulheres aparentemente fortes, duramente surradas pela vida.

Esse cenário de relações conflituosas atinge seu clímax, quando as personagens desfazem de suas máscaras de inatingíveis e revelam mais delas mesmas.

Produzido pelo vencedor do Oscar Oliver Stone, O clube da felicidade e da sorte é uma produção cheia de trunfos. Além do elenco feminino arrebatador , o roteiro de Amy Tam e a direção do chinês Wayne Wang funcionam maravilhosamente bem, principalmente por permitirem que a platéia analise cada um dos lados, sem ser maniqueísta. As mães cobram das filhas uma postura mais decidida em relação a suas vidas, já as filhas tentam mostrar que o mundo não é mais como era e que a cultura onde estão inseridas é bem diferente à da terra natal de suas mães.


A história nunca tenta manipular , a ponto de obrigar que o espectador tenha que se decidir sobre qual lado ficará. É possível demonstrar compreensão pelas duas partes.

O longa é uma viagem pelo universo feminino , onde a figura masculina é totalmente secundária - o centro aqui é a relação entre mulheres que deram vida a mulheres.

Com sensibilidade, Wang faz com que cada relacionamento em algum momento seja o foco, não há conflito que tenha mais destaque do que o outro , todos ganham espaço merecidamente. Temos uma filha que - prestes a se casar com um americano, tenta lidar com a desaprovação da mãe - conhecemos uma outra mãe que - super protetora - teme os riscos que sua filha pode correr por suas escolhas ousadas. Tudo é tocado com a mais profunda delicadeza.

Interessante também é o embate entre duas culturas diferentes em épocas distantes. De um lado, o ambiente hóstil da China nos anos quarenta - liderada por um controverso Mao Tse-tung - e do outro , os EUA na década de noventa - época em que a terra do tio sam ainda era vista como uma nação inabalável.

A direção de arte - que transporta a platéia para a China do passado - também é um verdadeiro primor, com uma ótima reconstituição de época. Bem como o figurino, que é espetacular.


Estrelado por Tamlyn Tomita (Karatê Kid 2), Ming-Na(E.R), Lauren Tom, France Nuyen, Lisa Lu e Kieu Chinh, esta produção permanece desconhecida , injustamente, por muitos - mas entra facilmente em qualquer lista de melhores da década.

O clube da felicidade e da sorte é uma verdadeira jornada pelo mundo da tolerância , do perdão e por que não dizer da redenção.

Esse filme com certeza vale a pena!

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