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Criado em 1941 por Joe Simon e Jack Kirby , o Capitão América foi talvez o primeiro herói explicitamente patriota a defender literalmente as cores da bandeira americana. Sua figura robusta foi um símbolo do narcizismo dos EUA em plena Segunda Guerra Mundial , sendo este conflito contextualizado nas aventuras de Steve Rogers , auter-ego do personagem, na sua luta contra o nazismo alemão.

Motivada pela boa safra de produções cinematográficas baseadas em quadrinhos, Hollywood decidiu investir em um personagem que nunca esteve diretamente na linha de frente das Hqs da Marvel , lugar ocupado hoje pelos mutantes de Stan Lee e o aracnídeo do Clarim Diário - e mais uma vez acertou em cheio.

A exemplo de Chris Nolan que com suas novas versões de Batman acabou se consagrando, Joe Jonhsnton revelou-se a escolha mais acertada para capitanear o projeto , ao conferir certa identidade à história - a começar por uma introdução extremamente competente e ágil, situando o espectador no universo dos personagens, não perdendo tempo com firúlas desnecessárias. De igual modo, o perceptível entrosamento entre Jonhsnton, que com Rocketeer adquiriu certa experiência em adaptações de quadrinhos - e os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely reforçou a importância da unicidade entre os diferentes setores de uma produção na concepção de um filme. O ótimo ritmo da trama conseguiu projetar passado, presente e sinalizar o futuro do protagonista sem as famosas barrigas ou graves furos - méritos do diretor e sua equipe de escritores. Lá pelos dez primeiros minutos de projeção, por exemplo - já é possível depositar a confiança em cima do jovem Steven Rogers (Chris Evans), que - com um físico que contrasta com o que se espera de um soldado , tenta se alistar no exército , influenciado por uma propaganda exibida no cinema. O apoio do Dr. Abraham Erskine (Stanley Tucci) é o que torna possível o sonho do personagem , que quer representar os EUA no combate a tropas nazistas na Europa. Na verdade, o principal interesse do Dr. Erskine é conseguir uma cobaia humana para testar seus experimentos na tentativa de criar um super soldado - e o franzino e inseguro Rogers acaba sendo o escolhido. O sucesso da experiência acaba por criar aquele que lideraria os militares americanos contra os seguidores de Hitler - que possuem o Caveira Vermelha (Hugo Weaving) como o expoente.




Uma crítica bastante habitual a produções inspiradas em Hqs ou desenhos animados é que geralmente elas ficam restritas aos recursos visuais , recheadas dos mais incríveis efeitos tecnológicos mas desprovidas de conteúdo. Em contrapartida, para cada dez Transformers ou G. I. Joe que surgem ano após ano existe um Capitão América para fazer a diferença. Ao utilizar a Segunda Guerra mundial e seus efeitos políticos e midiáticos como pano de funo , Joe Jonhsnton tornou mais crível a história do invencível soldado, tal solidez permitiu que até mesmo os momentos de humor tivessem certa coerência , tirando sarro inclusive da controversa vestimenta original do herói nos quadrinhos.



Chris Evans se sai muito bem na persona do rapaz incrivelmente magro (contribuição dos efeitos especiais semelhantes aos que deram a Brad Pitt um corpo decrépito em O Curioso caso de Benjamin Button) que sonha com o militarismo, tendo este papel como a melhor oportunidade de sua carreira. Em tempo, Hugo Weaving como o ameaçador Caveira Vermelha e as participações de Tommy Lee Jones na pele do General Chester Phillips e Stanley Tucci interpretando o Dr. Erskine trouxeram refinamento ao longa.

Mais que um blockbuster vazio , Capitão América além de um ótimo entrenimento , figura na lista das melhores coisas feitas até então em termos de adaptação. Depois de Homem de Ferro e sua sequência e Thor angariarem milhões nas bilheterias - é esperado o encontro desses três heróis da Marvel , que sairam da subdivisão e foram para o grupo de elite, em Os Vingadores.

Depois dessa, Michael Bay deve estar morrendo de vergonha.