Como a vida poderia sempre imitar a arte





Há uma semana do fatídico episódio ocorrido em uma escola de Realengo , RJ, muitos continuam se perguntando: será que equipar as instituições escolares com recursos e tecnologia que limitem o acesso às suas dependencias por qualquer um, mesmo que isso entre em choque com a filosofia defendida pela educação - de estar aberta para a comunidade - não seria o mais viável?

No último domingo , o Fantástico, da Rede Globo - exibiu uma matéria na qual divulgava o sistema de segurança imperante em alguns colégios americanos. Em um deles, professores eram treinandos secretamente para agirem em situações de risco, portando armas de fogo para o caso de emergência. Creio que ainda faltará muito para que estratégias como essa sejam aceitas ao redor do mundo , mas de fato que algo deve ser feito para que os pais possam ficar tranquilos ao entregar suas crianças, tendo a certeza que as reencontrarão horas depois.





Tanto esta tragédia brasileira, que com certeza se tornou uma grande ferida nacional , quanto a ocorrida no Instituto Columbine - nos EUA - que ceifou a vida de vários estudantes , trouxeram a minha memória as imagens de um dos mais pertubadores filmes da década de oitenta - o suspense A Fortaleza (Fortress). Enquadrado por alguns como um trash cult, este longa - protagonizado pela ex-estrela Rachel Ward, narra a história de uma dedicada professora primária que acaba junto com seus alunos - com idades entre 6 e 14 anos - sequestrada por um bando de mascarados. Presos dentro de uma gruta, os personagens lutam pela sobrevivência até conseguirem achar uma saída. Extremamente violento para a época, a pouco soube que a produção é baseada em uma história real ocorrida na Austrália em 1972, na Faraday Scholl Kidnapping. Por volta de 15 horas de uma bela tarde, dois homens fortemente armados invadem a sala da jovem docente Mary Gibbs e forçam ela e suas alunas (diferentemente do filme eram apenas meninas como reféns) a entrarem na van que dirigiam. Pedindo como resgate algo em torno de 1 milhão de dólares, a dupla não contava com a inteligência e destreza de Gibbs - que com muito esforço faz com que todos escapem.

Tomando certas liberdades dramáticas, o diretor Arch Nicholson e o roteirista Everett De Roche acrescentaram determinados elementos ficcionais , dando uma boa dose de suspense ao filme , tornando a história ainda mais incômoda. É curioso o fato de darem aos vilões faces tão presentes no imaginário infantil. Utilizando máscaras durante todo o tempo , os bandidos são avistados pelas crianças, antes do sequestro , na área externa da escola rural - e elas tratam de alertar a professora dizendo algo como: "Professora tem um pato e um rato lá fora" (ainda faz parte o peculiar papai noel). Após uma frustrada tentativa de fuga , os reféns são presos em um local escuro e ermo - para o desespero de todos - entretanto conseguem fugir, mas uma troca de posições entre vítimas e algozes ainda virá - pra o espanto do espectador que pode olhar com descrédito para o roteiro , devido a súbita mudança no comportamento das crianças - mesmo que a situação peça isso.





Exibido a exaustão pelas sessões da tarde e cinemas em casa da vida, A Fortaleza é daquelas pérolas que não contou com o aval da crítica e das premiações, mas com certeza marcou ( e assustou) uma geração que ficava vidrada na tela da TV na década de oitenta - principalmente quem estava na fase do pré-escolar, como esse blogueiro que vos escreve. Para quem assistiu esta produção e se depara com esses eventos muito reais ocorridos no universo estudantil , é por demais frustrante perceber que nem sempre tudo termina bem como geralmente ocorre nos filmes. Quando a imaginação acaba , a triste realidade volta a tona.

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