A Rede Social



Com mais de 500 milhões de visitas mensais, o Facebook é hoje uma das mais utilizadas redes sociais da Web. Criado em 2004 - a príncipio como um experimento - por um jovem ex-estudante da Harvard, o Facebook se tornou uma ferramenta que injeta milhões na conta de seu criador e dos patrocinadores que colocam suas marcas nas páginas do Website.

É sobre a vida de Mark Zuckerberg - idealizador do Facebook - e seu grande projeto de vida em que se baseia o roteiro escrito por Aaron Sorkin para o drama A Rede Social ( The Social Network, no original) - novo longa dirigido por David Fincher ( O Curioso caso de Benjamin Button).

Max Zuckerberg (Jesse Eisenberg) é um jovem de 20 anos , tímido e meio arredio que tem dificuldades de se relacionar com as garotas e tem no brasileiro Eduardo Saverin ( Andrew Garfield) - seu colega de alojamento nas dependências da Havard - a única amizade verdadeira.




Depois de romper com a namorada , o rapaz decide criar um site como forma de extravazar a decepção causada pelo rompimento, se vingar de sua ex e de certo modo manifestar sua visão machista sobre as mulheres.

Do dia para a noite, algo totalmente inesperado acontece. Milhares de pessoas ligadas a Havard acessam ao site e através do boca a boca , tornam a ferramenta conhecida a ponto de ser aberta para outros polos universitários - chegando aos milhões de acessos registrados atualmente.





Sendo vista como uma especie de mina de ouro , a criação de Zuckerberg desperta o interesse de poderosos executivos, que enxergam ali uma ótima maneira de praticarem seu capitalismo selvagem, investindo num universo onde o público jovem se mantêm cada vez mais presente - as redes sociais. Após fechar com seu primeiro investidor - o jovem protagonista monta sua equipe - tendo seus amigos como peças chaves. Saverin - por exemplo , fica encarregado da parte financeira do negócio - o que trará bastante dor de cabeça a seu idealizador devido a disputas judiciais.


David Fincher, responsável por obras como Clube da Luta e Seven, mostra em A Rede Social que O Curioso caso de Benjamim Button foi apenas um equívoco em sua carreira - e se aquela obra não tinha tantos pontos que evidenciavam sua assinatura na direção , esta nova produção certifica que Fincher é um dos melhores de seu tempo.

Com mãos de ferro, Fincher acerta em cheio ao valorizar as cenas de diálogos, onde cada palavra ali dita é de suma importância para o entendimento - visto que em praticamente todos os momentos onde Mark Zuckerberg está interagindo com alguém - seja na primeira cena do longa , quando o rapaz ganha o cartão vermelho da namorada - ou quando está em frente ao computador mostrando sua criação aos amigos - todo o resto ao fundo está turvo - evitando distrações que podem fazer com o que o espectador perca alguma informação essencial.




A utilização da câmera em panorâmica vertical destacando a exuberância dos prêdios do campus da Havard, chegando até o ponto onde aparece o personagem de Eisenberg de mochila e jeans -manifestando um ar de peixe fora d'agua - é bastante eficiente. Bem como, no momento em que Zuckerberg está em uma reunião e - na tentativa de mais uma vez mostrar um evidente contraste - a câmera foca alguns dos presentes da cintura para a baixo - evidenciando o quanto o personagem é uma figura estranha naquele meio.




O roteiro de Aaron Sorkin , um dos responsáveis pelos brilhantes textos da série West Wing - permite que até aqueles que não sabem direito o que vem a ser Facebook, possam ter uma conexão com o assunto , a ponto de ficarem na expectativa pelo desenrolar da trama. Apesar de ser uma febre em todo o mundo , colocar o website - e não seu fundador - como principal do filme seria um grande risco. Outro recurso muito bem adotado, foi a delineação dos personagens principais de modo a mostrar as distinções entre um e outro. Enquanto o protagonista é um rapaz mais calado , meio inseguro e manipulável - seu amigo Saverin é ousado e desenvolto. Mark identifica em Saverin e depois em Sean Parker (Justin Timberlake) , o criador da Napster - uma coragem que gostaria de ter, mas que claramente não consegue.

Jesse Eisenberg ,27 anos, é um ator que nunca foi considerado uma boa aposta, mas que agora desponta e grande parte do mérito de A Rede Social se deve a ele. A construção de Eisenberg para um nerd pela qual poucos dariam atenção, mas que não se deve subestimar - é excelente. Seu Mark Zuckenberg é carente de afetos, mas rico em neurônios. Andrew Garfield e Justin Timberlake também se saem bem, seus personagens funcionam como óbvios opostos à persona de Zuckenberg - enquanto os dois não possuem dificuldades de estabelecer relacionamentos - os QIs de ambos estão abaixo de suas capacidades - mesmo sendo mestres na esperteza.


Cotado como uma das principais apostas do próximo Oscar, A Rede Social mostra que David Fincher voltou à boa forma e que seu estilo de fazer cinema , continuará sendo um diferencial - ainda mais numa Hollywood - temerosa em correr riscos, que vem apostando sempre em mais do mesmo.

Com certeza preferimos o David Fincher mais autoral e menos comercial.



1 Response to "A Rede Social"

  1. Realmente, um dos melhores textos que já li sobre o filme - e mostra bem sua paixão em relação a ele.

    mas, eu, infelizmente, não concordo integralmente contigo.

    Acho que é um filme bom sim, tem seus méritos e a trama representa bem o mundo que vivemos hoje - em seus aspectos da virtualidade; da relação social; das amizades dúbias e todos os outros questionamentos que o filme faz.

    Mas, ainda que o elenco conceba uma interpretação louvável - de fato Eisenberg e Garfield impressionam, até mesmo Timberlake - eu não achei o filme essa obra-prima não.

    A dinamica exagerada, o senso verborrágico dele, me irritou um pouco...cansou, na verdade.

    Mas, é questão de gosto mesmo.

    Abraço!

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